É mito ou verdade? Queda de temperatura faz dores aumentarem

Por Redação 13/11/2025, às 18h00 - Atualizado às 16h21

Por Gabriela Encinas

Com a chegada da frente fria a Salvador desde terça-feira (11) a Salvador e outras regiões da Bahia, a queda de temperatura e o aumento da umidade do ar têm causado mais do que apenas desconforto térmico. Para muitas pessoas, o frio vem acompanhado de dores nas articulações, e esse não é um mito ou “coisa da cabeça”, é comprovado cientificamente que é possível ter uma piora nas ‘juntas’ do corpo com a mudança de temperatura.

De acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), são esperadas chuvas de moderadas a fortes e ventos de até 38 km/h até esta quinta-feira (13). O fenômeno, que se formou no Sul do país avança por alguns estados influenciando o clima na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo.

Segundo a reumatologista Kercia Carneiro, do Hospital Mater Dei Emec, o frio realmente agrava dores articulares, especialmente em pessoas que já sofrem com doenças como artrose, artrite ou lesões prévias e não é uma lenda como alguns podem achar. “Não é um mito, não. É realmente uma realidade. É realmente uma queixa bastante comum nos ambulatórios”.

A dra explicou com exclusividade ao Taktá que as mudanças afetam os vasos o que pode dar uma sensação de desconforto, e em alguns casos dor, de certa forma fazendo com que seja possível “prever mudança” no tempo.

“A queda de temperatura e as mudanças de pressão atmosférica influenciam diretamente a circulação e a resposta inflamatória do corpo. Os vasos sanguíneos se contraem para preservar o calor, o que reduz a irrigação de oxigênio e nutrientes nas articulações, amplificando a dor”, explica.

Os vasos se contraírem para calor corporal se chama vasoconstrição, que é um dos fatores para as juntas doloridas, assim como o aumento da viscosidade do líquido sinovial que é quando o líquido que lubrifica as articulações – chamado líquido sinovial – torna-se mais denso e menos viscoso, dificultando o movimento e aumentando a rigidez articular. A contração muscular também é outro fator de dor, que consiste em ficar rígido e gerar uma contratura dos músculos ao redor das articulações.

Além disso, o clima frio faz com que as pessoas se exercitem menos e deixar o corpo parado é uma forma de reter temperatura corporal, o que aumenta a rigidez e o desconforto ao se movimentar. A especialista reforça que hábitos simples ajudam a minimizar os sintomas: manter as regiões doloridas aquecidas, com compressas ou banhos quentes, fazer alongamentos leves, manter uma rotina de atividade física e priorizar uma alimentação equilibrada, com alimentos anti-inflamatórios e boa hidratação.

“Cabe essa orientação também, fazer atividade física, se alongar, beber mais água, que a hidratação ajuda a promover a melhora no desempenho da cartilagem, ter uma alimentação com alimentos saudáveis, menos alimentos inflamatórios, alimentação rica em verdura, frutas, cúrcuma, ômega 3, tudo isso vai ajudar também no desempenho articular. É um conjunto de fatores, com alimentação, modificação do estilo de vida, água, tudo isso vai ajudar a preservar articulação e a sentir menos dor”, explicou a dra Kercia.

Estudos realizados pela Universidade de Harvard confirmam a relação entre as variações climáticas e o agravamento de dores crônicas. As pesquisas apontam que dois terços dos pacientes com algum tipo de lesão ou inflamação relatam piora dos sintomas durante períodos de baixa pressão atmosférica e frio intenso.

Apesar de o incômodo ser comum, a médica alerta que a dor persistente não deve ser ignorada. “Qualquer dor que dure mais de seis semanas precisa ser avaliada. O reumatologista é o profissional indicado para investigar se há alguma doença associada e indicar o tratamento adequado”, orienta.

Com a frente fria ainda atuando sobre Salvador, a recomendação é se proteger do clima e prestar atenção aos sinais do corpo, principalmente pacientes que tenham outras doenças, como artrite, artrose, fibromialgia, dentre outras que deixam essas áreas mais sensíveis.