Ministério da Saúde amplia suplementação de cálcio para todas as gestantes no SUS

Por Redação 17/02/2025, às 22h08 - Atualizado às 15h43

O Ministério da Saúde anunciou uma nova recomendação para o pré-natal no Sistema Único de Saúde (SUS): todas as gestantes deverão receber suplementação de cálcio. A medida tem como objetivo prevenir a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia, complicações associadas à hipertensão que são as principais causas de partos prematuros e de mortes maternas e fetais no Brasil.

A decisão de ampliar o uso da suplementação de cálcio foi baseada em dados que mostram que a hipertensão na gravidez afeta principalmente mulheres negras e indígenas. Em 2023, quase 70% dos óbitos maternos relacionados à pressão alta ocorreram entre mulheres pretas e pardas. O cálcio tem um papel essencial na regulação do metabolismo e no controle da pressão arterial, ajudando a reduzir os riscos de complicações na gestação.

A partir da 12ª semana de gravidez até o parto, as gestantes deverão tomar dois comprimidos diários de carbonato de cálcio (1.250 mg cada), totalizando 1.000 mg de cálcio elementar por dia—quantidade necessária para diminuir significativamente o risco de pré-eclâmpsia.

O suplemento já faz parte da farmácia básica do SUS e está disponível nas unidades de saúde. No entanto, caberá aos municípios, estados e ao Distrito Federal garantir a aquisição e distribuição adequada para atender todas as gestantes.

Desde 2011, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a suplementação de cálcio para grávidas com baixo consumo desse micronutriente ou com alto risco de pré-eclâmpsia. Até agora, no Brasil, a prescrição era feita apenas para mulheres que apresentavam fatores de risco, mas estudos recentes mostraram que grande parte das gestantes brasileiras consome menos da metade da quantidade recomendada de cálcio por dia.

Além do cálcio, o ácido fólico e o ferro continuam sendo suplementados de forma universal no pré-natal. As gestantes devem ficar atentas ao horário da ingestão desses nutrientes, já que cálcio e ferro não devem ser tomados juntos, pois um pode prejudicar a absorção do outro.

A pré-eclâmpsia voltou a ser tema de debate público recentemente, após o caso da cantora Lexa, que perdeu sua filha recém-nascida, Sofia, três dias após um parto prematuro provocado pela síndrome de Hellp, uma complicação grave da pré-eclâmpsia.

Diversos fatores aumentam o risco para o desenvolvimento dessa condição, incluindo:

  • Primeira gestação;
  • Gravidez em adolescentes ou após os 40 anos;
  • Histórico de hipertensão crônica, diabetes, lúpus ou obesidade;
  • Gestação de gêmeos;
  • Casos de pré-eclâmpsia na família.

Para gestantes com maior risco ou com sinais precoces de hipertensão, os médicos poderão prescrever, além do cálcio, o uso de ácido acetilsalicílico (AAS) para reforçar a prevenção.

A nova recomendação do Ministério da Saúde visa reduzir as taxas de morbimortalidade materna e infantil, garantindo um pré-natal mais seguro e eficiente para todas as gestantes atendidas pelo SUS.