Criada no Brasil, prótese 3D com antibiótico pode revolucionar tratamento em articulações

Por Redação 11/07/2025, às 00h04 - Atualizado 10/07/2025 às 19h17

Um avanço promissor no tratamento de infecções ortopédicas está em desenvolvimento no Paraná: uma prótese biodegradável, impressa em 3D e associada a antibióticos, tem apresentado resultados positivos em testes clínicos. A inovação busca evitar que pacientes com próteses infectadas fiquem longos períodos sem conseguir se locomover — realidade comum hoje no Sistema Único de Saúde (SUS).

Desenvolvido por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o projeto já foi aplicado em 15 pacientes com infecção no quadril atendidos pelo Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba. Os resultados preliminares apontam para melhora significativa, com menor risco de complicações durante o tratamento da infecção.

“Hoje, no SUS, não existe uma prótese temporária com antibiótico de baixo custo. As opções disponíveis são importadas e caras”, explica o infectologista e professor da PUCPR Felipe Francisco Tuon, líder da pesquisa.

Atualmente, quando uma infecção atinge a prótese permanente — geralmente feita de titânio —, é necessário removê-la, deixando o paciente sem substituto por até seis meses. Esse período costuma ser marcado por dor intensa, dificuldades de locomoção e maior risco de novas infecções e retração muscular.

A prótese biodegradável com antibiótico atua como substituta temporária, preenchendo o espaço vazio e combatendo diretamente a infecção no local afetado. Após o tratamento, o paciente pode receber novamente uma prótese definitiva com mais segurança.

Tecnologia 3D acessível e personalizada

A impressão em 3D é outro diferencial do projeto. A tecnologia permite tanto a fabricação em escala de próteses padronizadas com custo reduzido, quanto a criação de modelos personalizados, ajustados por meio de tomografias para casos que fogem dos tamanhos convencionais.

O próximo passo da pesquisa inclui testes com pacientes que precisam de próteses no joelho e no ombro, previstos para o ano que vem. Com apoio de um financiamento de R$ 3 milhões do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a equipe está ampliando sua capacidade de produção com a construção de um novo centro de impressão 3D.

A expectativa é que a tecnologia esteja disponível para hospitais da rede pública de todo o Brasil. “O objetivo é fornecer as próteses para todos os hospitais que quiserem participar do projeto. Temos capacidade e material para produzir anos de próteses”, afirma Tuon.

Se os testes seguirem com êxito, a inovação pode transformar o tratamento de infecções ortopédicas no SUS, garantindo mais qualidade de vida a pacientes e reduzindo os custos com internações prolongadas e reinternações por complicações.