
A Dívida Pública Federal (DPF) encerrou o mês de maio em R$ 7,67 trilhões, uma alta de 0,71% em relação a abril, quando o estoque era de R$ 7,617 trilhões. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Tesouro Nacional e refletem principalmente o impacto dos juros elevados, que continuam pressionando o endividamento do governo.
Mesmo com o crescimento, a DPF ainda permanece dentro dos limites previstos pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), que estima que a dívida termine o ano de 2025 entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões.
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) — composta por títulos emitidos no mercado doméstico — chegou a R$ 7,361 trilhões, uma alta de 0,7% em relação ao mês anterior. Embora o Tesouro tenha resgatado mais do que emitiu (R$ 25,03 bilhões líquidos), a apropriação de juros, no valor de R$ 75,86 bilhões, elevou o total. Esse mecanismo reflete a incorporação mensal dos juros aos títulos em circulação.
Com a Taxa Selic em 15% ao ano, o custo de rolagem da dívida aumenta, o que pressiona o Tesouro Nacional a emitir papéis com maior rentabilidade para atrair investidores.
A Dívida Pública Federal externa (DPFe) também apresentou crescimento, passando de R$ 306,13 bilhões em abril para R$ 309,17 bilhões em maio, alta de 0,99%. O principal fator foi a valorização de quase 1% do dólar no período.
A exposição cambial da dívida — soma de compromissos corrigidos em moeda estrangeira — se manteve estável, oscilando de 4,01% para 4,02%, dentro do intervalo definido pelo PAF, entre 3% e 7%.
Composição e prazos
O perfil da dívida passou por mudanças com o vencimento de títulos corrigidos pela inflação. A fatia desses papéis caiu de 28,46% para 26,64%. Por outro lado, os papéis prefixados cresceram de 20,23% para 21,1%, e os títulos atrelados à Selic aumentaram de 47,3% para 48,25%.
O prazo médio da DPF também subiu, de 4,17 para 4,20 anos, indicando maior confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar seus compromissos a longo prazo.
A reserva de liquidez da dívida pública, conhecida como “colchão”, recuou de R$ 904 bilhões em abril para R$ 861 bilhões em maio. O Tesouro atribui a queda ao resgate líquido de títulos no período. Esse colchão cobre 8,77 meses de vencimentos e é utilizado em momentos de estresse no mercado ou alta concentração de pagamentos.
Nos próximos 12 meses, estão previstos R$ 1,229 trilhão em vencimentos de títulos federais.
Quem detém a dívida?
As instituições financeiras seguem como as principais detentoras da dívida interna, com 30,1% de participação. Em seguida, aparecem os fundos de pensão (23,6%) e os fundos de investimento (22,4%). A participação de investidores estrangeiros também cresceu, de 9,7% para 9,9%.
Mesmo com a instabilidade no cenário internacional, o apetite externo por títulos brasileiros segue relativamente estável. Em novembro do ano passado, os estrangeiros chegaram a deter 11,2% da dívida, maior nível desde 2018.
O que é a DPF?
A Dívida Pública Federal é o principal instrumento do governo para financiar despesas e cobrir déficits orçamentários. Ao emitir títulos no mercado, o Tesouro toma recursos emprestados de investidores, com o compromisso de devolvê-los com correção monetária, que pode estar atrelada à Selic, à inflação, ao dólar ou ser prefixada.