
Um levantamento da ONG WWF-Brasil revelou um alto risco de contaminação por mercúrio em quatro bacias amazônicas que abrangem territórios indígenas ameaçados pelo garimpo ilegal. O estudo, divulgado nesta semana, aponta que mais da metade das sub-bacias analisadas excede os níveis seguros de mercúrio.
Utilizando um modelo de probabilidade desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e com dados do “Observatório do Mercúrio,” o estudo examinou as bacias dos rios Tapajós (Pará, Mato Grosso e Amazonas), Xingu (Pará e Mato Grosso), Mucajaí e Uraricoera (norte de Roraima), região habitada pelo povo yanomami.
Os dados indicam que as concentrações de mercúrio são mais baixas nas cabeceiras dos rios e aumentam ao longo do curso, acumulando-se na cadeia alimentar e contaminando peixes que fazem parte da dieta das populações locais. Segundo Vitor Domingues, analista ambiental da WWF e coautor do estudo, a falta de dados amostrais é um dos maiores desafios para mensurar a contaminação, o que leva à necessidade de projeções para avaliar o impacto ambiental. A maioria das sub-bacias não atinge os padrões de qualidade estabelecidos na legislação ambiental brasileira.
O estudo recomenda a criação de um monitoramento específico para diferentes sub-regiões e um sistema de informações que apoie ações governamentais contra o avanço do garimpo e a contaminação por mercúrio na Amazônia.