Ex-diretor do INSS nega relação com políticos em depoimento à CPMI

Por Redação 28/10/2025, às 03h05 - Atualizado 27/10/2025 às 20h43

O ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alexandre Guimarães, negou nesta segunda-feira (27) ter mantido qualquer relação com políticos durante sua trajetória em órgãos públicos. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no INSS, Guimarães afirmou que os cargos que ocupou foram conquistados por meio da distribuição de currículos a parlamentares.

“Não tenho relação com políticos”, declarou o ex-diretor, que exerceu a função entre 2021 e o início de 2023.

Apesar da negativa, Guimarães reconheceu ter sido indicado ao cargo após uma breve reunião com o deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG).

O ex-diretor é investigado sob suspeita de ter recebido R$ 313 mil de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, apontado pela Polícia Federal (PF) como operador de um esquema de descontos indevidos em benefícios previdenciários.

Durante o depoimento, Guimarães confirmou ter conhecido Antunes em 2022, mas afirmou que os repasses foram legais e relacionados à venda de material de educação financeira produzido por sua empresa. Segundo ele, os pagamentos foram feitos por uma consultoria administrada por Antunes e seu filho.

O ex-diretor admitiu, porém, que a empresa do Careca do INSS era a única cliente de seu negócio. Disse ainda ter encerrado o contrato após a operação da PF que desmantelou o esquema de cobranças não autorizadas a aposentados e pensionistas.

Guimarães negou qualquer envolvimento, enquanto ocupava o cargo no INSS, na celebração de acordos entre o órgão e as associações investigadas. Ele afirmou ter tomado conhecimento do caso apenas após as ações da Polícia Federal.

Repercussão e novas convocações

O deputado Euclydes Pettersen confirmou que pode ter se reunido com Guimarães, mas negou irregularidades.

“Posso realmente ter me reunido com ele, como com tantos outros que buscam apoio para indicações em órgãos públicos. Cada indicado é responsável por suas ações”, declarou.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), anunciou a intenção de convocar Pettersen e o senador Weverton Rocha (PDT-MA) para prestar esclarecimentos.

“Espero que não haja nenhuma blindagem. Esses esclarecimentos são bons para o deputado e para o senador”, afirmou.

Há, até o momento, um requerimento formal de convocação de Weverton Rocha, protocolado pelo deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP). O pedido menciona que o senador teria recebido o Careca do INSS em seu gabinete. A CPMI deve votar nas próximas sessões tanto os pedidos de convocação de parlamentares quanto a ampliação das quebras de sigilo de investigados.

Em nota, o senador Weverton Rocha disse estranhar a citação de seu nome e reforçou que não é alvo de investigação.

“Acho estranha essa menção, já que não sou investigado nem citado em nenhuma apuração. Na minha opinião, o relator deve se concentrar em oferecer respostas concretas para combater as fraudes no INSS”, afirmou o parlamentar.