
A inflação desacelerou em março para todas as faixas de renda, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (22) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A maior redução foi registrada entre as famílias de renda muito baixa, cuja taxa caiu de 1,59% em fevereiro para 0,56% no mês passado. Para as famílias de renda alta, a inflação recuou de 0,9% para 0,6%.
A queda nas tarifas de transporte coletivo e o reajuste contido da energia elétrica foram os principais fatores que contribuíram para o alívio no orçamento das classes mais pobres. Segundo o Ipea, os preços das passagens de ônibus urbano e metrô caíram 1,1% e 1,7%, respectivamente, enquanto a energia elétrica teve aumento de apenas 0,12%.
Entre as famílias de renda mais alta, o principal fator para a desaceleração foi o arrefecimento do grupo educação, com a inflação do setor caindo de 0,90% em fevereiro para 0,60% em março — reflexo do fim do impacto dos reajustes das mensalidades escolares aplicados no início do ano letivo.
Apesar da desaceleração, o custo dos alimentos continua pressionando os orçamentos das camadas mais vulneráveis. Produtos como ovos (13,1%), café (8,1%), leite (3,3%) e tomate (22,6%) registraram altas expressivas no mês, enquanto outros itens básicos, como arroz (-1,8%), feijão-preto (-3,9%), carnes (-1,6%) e óleo de soja (-2,0%), tiveram queda.
Já nas camadas de renda mais elevada, a inflação foi puxada principalmente pelos reajustes em passagens aéreas (6,9%) e serviços de lazer (1,2%).
Na comparação anual, entre março de 2024 e março de 2025, todas as faixas de renda registraram aceleração da inflação. No acumulado de 12 meses, a inflação foi de 5,24% para as famílias de renda muito baixa e de 5,61% para as de renda alta.
Os maiores vilões nesse período foram os alimentos, transportes e itens de saúde e cuidados pessoais. As carnes acumularam alta de 21,2%, enquanto aves e ovos subiram 12,1%. O café teve disparada de 77,8% e o óleo de soja, de 24,4%. No setor de saúde, os planos de saúde subiram 7,3% e os medicamentos 4,8%.
Entre os custos com transporte, se destacaram os aumentos nas tarifas de transporte por aplicativo (18,3%), ônibus urbano (5,1%) e gasolina (10,9%).
O estudo reforça que, embora a inflação tenha dado sinais de alívio no curto prazo, os desafios persistem, especialmente para as famílias com menor poder aquisitivo, ainda bastante impactadas pelos preços dos alimentos.