Inflação impacta na mesa das famílias: Mais da metade dos brasileiros reduzem gastos alimentares

Por Redação 14/04/2025, às 11h23 - Atualizado às 11h24

De acordo com nova pesquisa divulgada neste domingo (13) do instituto Datafolha, 58% da população afirma ter diminuído a quantidade de alimentos comprados nos últimos meses — reflexo direto da alta nos preços dos itens básicos. A inflação no país tem alterado a forma como os brasileiros lidam com o dia a dia, principalmente quando o assunto é alimentação, mas também gastos da casa, como a conta de energia.

O impacto é ainda mais expressivo entre as famílias com renda mensal de até dois salários mínimos, nesse grupo, o percentual de pessoas que reduziram os gastos com comida sobe para 67%. A necessidade de economizar também tem levado a população a fazer substituições, como trocar marcas habituais por versões mais baratas, especialmente em produtos como o café.

Outros comportamentos mudaram, como comer fora de casa, por exemplo, tornou-se um luxo, 61% dos entrevistados disseram que diminuíram a frequência com que frequentam bares, restaurantes ou lanchonetes. Já metade dos brasileiros passou a consumir menos café, e 49% adotaram marcas mais acessíveis. Apenas 21% dos entrevistados não alteraram nenhum hábito de consumo por causa da inflação. O levantamento foi feito entre os dias 1º e 3 de abril com 3.054 pessoas, em 172 municípios do país, e tem uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Resposta à inflação segundo pesquisa:

  • Diminuiu a frequência com que come fora de casa: 61%;
  • Reduziu a quantidade de alimentos que costuma comprar: 58%;
  • Trocou a marca habitual de café por uma mais barata: 50%;
  • Diminuiu o consumo de café: 49%;
  • Não mudou os hábitos de consumo: 21%.

A pesquisa mostra que um quarto da população (25%) relata ter menos comida em casa do que o necessário. Por outro lado, 61% dizem ter o suficiente, e apenas 13% declaram ter mais alimentos do que precisam.

Um quarto da população diz ter menos comida em casa do que o necessário:

  • O suficiente: 61%;
  • Menos do que o suficiente: 25%;
  • Mais do que o suficiente: 13%;
  • Não sabe: 0%.

Para conter os gastos, muitas famílias também reduziram o uso de serviços essenciais. Metade dos brasileiros cortou o consumo de água, luz e gás. Além disso, 47% buscaram uma nova fonte de renda, 36% diminuíram a compra de medicamentos, e 32% pararam de pagar dívidas. Em uma realidade ainda mais dura, 26% deixaram de quitar contas básicas da casa.

Mudança nas contas:

  • Diminuiu o consumo de água, luz e gás: 50%;
  • Buscou uma outra fonte de renda: 47%;
  • Reduziu a compra de remédios: 36%;
  • Deixou de pagar dívidas: 32%;
  • Deixou de pagar contas da casa: 26%.

A pesquisa viu também sobre a percepção da população sobre a responsabilidade pelo aumento nos preços, de quem é a culpa? O governo federal foi citado como principal responsável por 54% dos entrevistados, que atribuem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva “muita responsabilidade” pela alta nos alimentos. Outros 29% veem “um pouco” de culpa, enquanto 14% isentam o governo totalmente.

Responsabilidade do governo Lula:

  • Muita responsabilidade: 54%;
  • Um pouco: 29%;
  • Nenhuma: 14%;
  • Não sabe: 3%.

Além disso, fatores externos também são apontados como vilões da inflação. Guerras em curso no mundo, crise climática, economia dos Estados Unidos e a atuação dos produtores rurais estão entre os elementos considerados pelos brasileiros como influenciadores no aumento do custo da comida.

Responsabilidade das guerras:

  • Muita responsabilidade: 50%;
  • Um pouco: 24%;
  • Nenhuma: 21%;
  • Não sabe: 5%.

Responsabilidade dos produtores rurais:

  • Muita responsabilidade: 27%;
  • Um pouco: 30%;
  • Nenhuma: 38%;
  • Não sabe: 4%.

Responsabilidade da crise climática:

  • Muita responsabilidade: 47%;
  • Um pouco: 28%;
  • Nenhuma: 21%;
  • Não sabe: 4%.

Responsabilidade dos Estados Unidos:

  • Muita responsabilidade: 41%;
  • Um pouco: 27%;
  • Nenhuma: 23%;
  • Não sabe: 9%.