Mauro Cid revela pressão de Bolsonaro para insinuar fraude nas urnas

Por Redação 20/02/2025, às 18h59 - Atualizado às 16h57

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em delação premiada que o ex-presidente pressionou o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, a inserir em um relatório oficial a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas.

A revelação faz parte de vídeos dos depoimentos de Cid, cujo sigilo foi retirado nesta terça-feira (20) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em novembro de 2022, o Ministério da Defesa encaminhou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um relatório no qual técnicos das Forças Armadas não encontraram indícios de fraude no pleito presidencial. Entretanto, o documento também não descartava totalmente a possibilidade de inconsistências, já que as urnas não poderiam ser auditadas de forma plena.

De acordo com Cid, Bolsonaro queria que o relatório afirmasse que houve fraude, mas o então ministro da Defesa optou por um meio-termo.

“Na verdade, ele [Bolsonaro] queria que escrevesse que tivesse [houve] fraude. Então, foi feita uma construção, uma discussão, e o que acabou saindo foi que não poderia comprovar porque não era possível auditar. Acabou sendo um meio-termo do que o presidente queria e o que o general fez com o trabalho técnico”, relatou Cid.

O conteúdo da delação foi liberado após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra Bolsonaro e mais 33 investigados no chamado Inquérito do Golpe, que apura uma suposta tentativa de subverter o resultado das eleições de 2022.