
A vacinação contra hepatite A no Brasil foi ampliada para incluir também os usuários da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV. A medida tem como objetivo conter surtos da doença entre adultos, especialmente entre aqueles com maior risco de exposição, e reforçar a prevenção em grupos prioritários.
A mudança anunciada na última sexta-feira (2) ocorre em resposta à alteração no perfil epidemiológico da hepatite A, que passou a atingir mais frequentemente adultos, em consequência da alta cobertura vacinal entre crianças desde 2014. Segundo a pasta, a doença costuma ter quadros mais graves nessa faixa etária, com risco aumentado de internações e óbitos.
A previsão é de que a campanha atinja pelo menos 80% dos mais de 120,7 mil usuários de PrEP cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS).
A vacinação será feita em duas doses, com intervalo de seis meses. Para receber o imunizante, a pessoa deverá apresentar a receita médica que comprove o uso da PrEP. A aplicação ocorrerá nos próprios serviços onde os medicamentos são retirados.
Contexto da doença
A hepatite A é causada por um vírus transmitido, principalmente, por via fecal-oral, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) também reconhece a transmissão via contato sexual como fator relevante, especialmente em surtos urbanos.
No Brasil, o primeiro alerta para a transmissão por contato sexual ocorreu em 2017, na cidade de São Paulo, quando foram confirmados 786 casos e dois óbitos. Desde então, surtos semelhantes foram detectados, com maior incidência entre homens que fazem sexo com homens, grupo que representa cerca de 80% dos usuários da PrEP.
O controle desses surtos, segundo o ministério, contou com ações direcionadas de vacinação, que agora se tornam parte da estratégia nacional de imunização.