
O tenente-coronel Mauro Cid confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro ordenou o monitoramento da rotina do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre a suposta trama golpista.
A declaração faz parte da delação premiada de Cid, cujo sigilo foi retirado após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Bolsonaro e outros 33 investigados no inquérito do golpe. O monitoramento das atividades de Moraes já havia sido revelado no ano passado, mas agora foi reforçado na acusação enviada ao Supremo.
Nos depoimentos, Cid afirmou que Bolsonaro se referia ao ministro com o codinome “professora” e pediu para verificar sua localização. Segundo o delator, o ex-presidente queria confirmar um suposto encontro entre Moraes e o então vice-presidente, Hamilton Mourão, em dezembro de 2022.
Além da vigilância sobre Moraes, a denúncia da PGR aponta que Bolsonaro sabia e aprovou o planejamento de ações para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro do STF. O plano, denominado “Punhal Verde Amarelo”, teria sido levado ao conhecimento do então chefe do Executivo.
Em nota, o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, negou qualquer envolvimento do ex-presidente em ações contra a democracia. “Jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”, declarou.