Vendas do Tesouro Direto em maio batem recorde e refletem alta da Selic

Por Redação 26/06/2025, às 23h06 - Atualizado às 21h45

As vendas de títulos públicos a pessoas físicas pela internet somaram R$ 6,86 bilhões em maio, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira (26). O número representa o maior volume já registrado para o mês desde a criação do programa Tesouro Direto, em 2002.

Apesar de ter sido 3,28% menor que o volume de abril (R$ 7,09 bilhões), o resultado foi 35,03% superior ao de maio de 2024, impulsionado principalmente pela atratividade dos títulos atrelados à taxa Selic, os mais procurados pelos investidores no período.

Os papéis indexados aos juros básicos responderam por 53% das vendas em maio. Os títulos atrelados à inflação (IPCA) representaram 26,8%, enquanto os prefixados corresponderam a 11,8% do total vendido.

Outros títulos mais recentes, como o Tesouro Renda+, voltado à complementação da aposentadoria, e o Tesouro Educa+, voltado à formação de poupança para educação superior, representaram 6,6% e 1,8%, respectivamente.

A atratividade dos títulos ligados à Selic está diretamente associada ao cenário de juros elevados no país. A taxa básica, que estava em 10,5% ao ano até setembro de 2024, subiu para 15%, tornando esse tipo de aplicação mais rentável. A expectativa de novas altas na taxa básica e o temor de inflação crescente também vêm impulsionando a busca por papéis atrelados ao IPCA.

Estoque, perfil do investidor e prazos

O estoque total do Tesouro Direto atingiu R$ 176,1 bilhões em maio, uma alta de 3,1% em relação a abril e de 26,1% na comparação com maio de 2024. O crescimento se deve à correção dos títulos por juros e ao saldo positivo entre vendas e resgates (R$ 3,62 bilhões).

O programa também bateu recorde de acessos por pequenos investidores. Cerca de 79,3% das 823.877 operações de venda realizadas no mês foram de valores até R$ 5 mil, e 56,6% dessas foram inferiores a R$ 1 mil. O valor médio por operação foi de R$ 8.324,32.

O número total de investidores cadastrados chegou a 32,5 milhões, com 3 milhões de ativos (com operações em aberto). O crescimento foi de 13,4% e 15,1%, respectivamente, em 12 meses.

Sobre os prazos, a maior parte dos investidores optou por títulos de curto prazo (até cinco anos), que representam 41,3% das vendas. Os papéis com vencimento entre cinco e dez anos somaram 39,7%, e os de longo prazo (acima de dez anos), 18,9%.

Captação direta

Criado em 2002, o Tesouro Direto tem como objetivo democratizar o acesso a títulos públicos, permitindo que pessoas físicas invistam diretamente, sem intermediação de bancos. As compras são feitas pela internet, e os investidores pagam apenas uma taxa à B3, a Bolsa de Valores brasileira.

Além de oferecer uma opção de investimento segura, a venda de títulos públicos é uma forma de o governo captar recursos para pagar dívidas e financiar suas despesas, em troca da remuneração atrelada à Selic, inflação ou taxa prefixada, conforme o tipo de papel adquirido.