O maior vilão do seu bolso

Foto de Lucas Rios Lucas Rios 21/02/2025, às 10h30 - Atualizado 22/02/2025 às 12h03

Em época de juros altos, restrições no acesso ao crédito, alto endividamento, muitas famílias acabam tendo dificuldades de encher o carrinho no supermercado ou realizar aquele sonho que já está no planejamento financeiro-familiar, há meses.

Para explicar esse desarranjo na composição financeira, é certo que, para adquirir bens e serviços, existe um grande vilão que acompanha a economia brasileira e, consequentemente, o orçamento das famílias, a saber: a inflação.

Quando muitos pensam sobre a inflação, já imaginam sobre a subida dos preços e, analisado em um conceito simplista, o pensamento está totalmente correto. A inflação pode ser definida como a expansão da base monetária de uma nação e traz, como principal efeito, a elevação dos preços.

Esse vilão que, desde sempre, nos acompanha, desvalorizou nossa moeda (Real) em mais de 80%, desde sua criação em 1994. De acordo com a calculadora do cidadão, disponível no site do Banco Central (BACEN), o brasileiro precisou ter R$ 8,08 em 2024 para ter o mesmo poder de compra que R$ 1 em julho de 1994, quando foi lançado o Plano Real.

O leitor deve lembrar que, há 20 anos, se comprava 10 unidade de pães por R$ 1,00, uma lata de refrigerante (de 350ml) por R$ 0,85, o kg de açúcar por R$ 1,10, entre outros exemplos, fazendo-nos sentir o perverso efeito da inflação.

No entanto, a pergunta que não se quer calar é: o que causa a inflação no Brasil? Diversos podem ser os motivos que causam inflação, desde a pressão de demanda (quando há muita procura por produtos e serviços, mas a produção não é o suficiente), custos de produção, descontrole monetário, cartéis na formação de preços, entre outros. No entanto, no Brasil, temos como principais fatores a alta do dólar, o aumento dos gastos do governo e a desvalorização cambial (real-dólar).

Para simplificar, quando o governo gasta em excesso, promovendo uma política expansionista na economia, a nossa moeda tende a desvalorizar, causando a nociva inflação. Os agentes financeiros do mercado (globalizado), ao perceberem o alto endividamento do governo, retiram seus investimentos do país e, para conduzirem seus recursos para outros países, é necessário comprar dólar. Ora, o efeito de compra forte de dólar, causa uma alta da principal moeda mundial (dólar) e a desvalorização do real.

No entanto, o próprio governo pode combater a inflação e eu explico 2 formas principais: controle de gastos públicos (não gastando mais do que se arrecada) e por meio da política monetária utilizada pelo Banco Central (BACEN) por meio do aumento da taxa de juros. Por outro lado, como todo remédio tem efeito colateral, ao aplicar esta última medida (aumento de juros), a economia real acaba sofrendo pois há redução de investimentos das empresas, aumento no custo de empréstimo e financiamentos, desaceleração da economia do país e aumento da taxa de desemprego.

Diante deste cenário, a melhor situação será o governo controlar suas despesas, promovendo uma política orçamentária responsável. Não se pode querer tampar o sol com a peneira. Se não tivermos um governo responsável com as contas públicas, nosso poder de compra, por certo, irá diminuir, necessitando que trabalhemos muito mais para adquirirmos o mesmo produto ou serviço.