
Um registro inédito chamou a atenção de especialistas na Bahia: um peixe-leão (Pterois volitans), espécie invasora conhecida pelo impacto negativo nos ecossistemas marinhos, foi encontrado e capturado na região de Morro de São Paulo, no Baixo Sul do estado. A descoberta foi feita durante uma operação de monitoramento conduzida por uma equipe multidisciplinar do Governo da Bahia, envolvendo bólogos, oceanógrafos e veterinários da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Eduardo Mendonça Sodré Martins, a identificação ocorreu após um mergulhador local relatar ter avistado o animal nos corais da ilha. “Assim que recebemos a notificação, mobilizamos uma equipe para inspecionar a área. Na quinta-feira (13), confirmamos o primeiro registro do peixe-leão na Bahia e, no dia seguinte, conseguimos capturá-lo e encaminhá-lo para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas)”, explicou o secretário.
O exemplar está sob análise em parceria com pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Embora visualmente chamativo, o peixe-leão representa uma ameaça para a fauna marinha local, já que não possui predadores naturais no Brasil. Isso pode gerar um desequilíbrio na cadeia alimentar, afetando diretamente populações de peixes e crustáceos, com impactos significativos para a pesca.
A partir dessa constatação, o Governo da Bahia acionou diversos órgãos, incluindo prefeituras do litoral baiano, a Secretaria da Saúde, a Bahia Pesca e a Marinha do Brasil. “Nosso próximo passo é a implantação de um plano de resposta rápida, alinhado com as diretrizes do Ministério do Meio Ambiente. Já temos uma equipe multidisciplinar que atua no controle de espécies invasoras, como o octocoral na Baía de Todos-os-Santos, e agora também intensificaremos os estudos para conter a propagação do peixe-leão”, destacou Martins.
A origem do animal capturado ainda está sendo investigada, conforme explica a oceanógrafa da Sema, Alice Reis. “Pode ter sido transportado por correntes marinhas desde Pernambuco, onde a espécie já se reproduz em grande escala. Outra possibilidade é que ele seja fruto de uma reprodução local, o que indicaria a presença de outros exemplares na nossa costa”, afirmou. A especialista reforçou a importância de que pescadores, mergulhadores e banhistas relatem novos avistamentos da espécie.
O peixe-leão capturado mede cerca de 10 centímetros e tem aproximadamente um ano de vida. Seu corpo é listrado com tons de branco, vermelho, laranja e marrom. Originário do Indo-Pacífico, a espécie foi detectada pela primeira vez no Brasil em 2014, no litoral do Rio de Janeiro, e desde 2022 tem sido registrada em áreas que vão de Pernambuco até Alagoas. Agora, a Bahia entra nesse mapa de alerta.