Justiça absolve estudante de administração acusada de injúria racial em festa universitária

Por Redação 25/01/2025, às 10h42 - Atualizado às 09h22

Uma estudante de administração de 22 anos foi absolvida pela Justiça de São Paulo da acusação de injúria racial contra três seguranças negras durante uma festa universitária em setembro de 2022. Embora o juiz Carlos Eduardo Lora Franco tenha reconhecido que a jovem proferiu ofensas racistas como “preta suja”, “macaca” e “fedida”, ele justificou a decisão com base no estado de embriaguez e consumo de maconha da ré, além do possível impacto negativo de uma condenação em sua carreira profissional.

Segundo a sentença, a estudante estava alterada no momento do incidente, e o juiz considerou que a condenação poderia inviabilizar sua trajetória acadêmica e profissional, especialmente no contexto atual, em que práticas relacionadas a diversidade e ESG (ambiental, social e de governança) são cada vez mais valorizadas no mercado.

A defesa da ré argumentou que ela não se lembrava do ocorrido, atribuindo o comportamento às suas condições de saúde mental, como transtorno de personalidade borderline e depressão. A estudante também declarou que respeita a diversidade, citando ser bissexual e praticante de skate como exemplos de sua postura inclusiva. Durante o processo, ela ofereceu R$ 500 em reparação à segurança que teve a mão mordida, proposta que foi recusada.

Por outro lado, o Ministério Público recorreu da decisão, alegando que a sentença reforça privilégios para pessoas em situações sociais mais favoráveis. O promotor Danilo Keiti Goto afirmou que as provas apresentadas demonstraram que a ré estava consciente de suas ações no momento dos ataques e criticou a justificativa de que o uso de álcool e drogas reduziria a gravidade das ofensas.

O caso

O episódio aconteceu durante uma festa no estádio do Canindé, em São Paulo, em 24 de setembro de 2022,. No primeiro momento, a estudante foi repreendida após agredir outras pessoas no camarote, mas prometeu se comportar. Mais tarde, alegando ter sofrido assédio, ela agrediu um homem e atacou verbalmente as seguranças que tentavam contê-la. A jovem também mordeu a mão de uma das profissionais e proferiu injúrias raciais antes de ser expulsa do evento.

O caso segue em discussão, com a Promotoria apelando para reverter a decisão e reforçar a responsabilização por atitudes racistas, independentemente da condição social ou acadêmica do réu.