O Ministério Público da Bahia (MPBA), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), denunciou nesta segunda-feira (24) o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, e o tenente-coronel da Polícia Militar José Hildon Brandão por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro. O parlamentar é suspeito de liderar uma milícia que opera na região de Feira de Santana.
A denúncia é mais um desdobramento da Operação El Patrón, deflagrada em dezembro de 2023, em ação conjunta entre o MPBA, Polícia Federal, Receita Federal e a Força Correicional Especial Integrada (Force) da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP). A operação investiga crimes como extorsão, exploração do jogo do bicho e lavagem de dinheiro em Feira de Santana e cidades vizinhas.
Esquema de lavagem e ocultação de bens
O MPBA solicitou à Justiça a manutenção do afastamento cautelar do tenente-coronel da PM e a indisponibilidade dos bens dos denunciados para garantir a reparação dos danos. Segundo as investigações, um lote no bairro Papagaio, em Feira de Santana, teria sido adquirido com recursos ilícitos da organização criminosa liderada pelo deputado.
A compra do imóvel ocorreu em setembro de 2022, com pagamento em espécie e sem qualquer documentação formal, o que caracteriza um possível esquema de lavagem de dinheiro. “O tenente-coronel se prontificou a efetuar a transação utilizando dinheiro vivo, um mecanismo que dificulta a comprovação dos valores envolvidos e o rastreamento da origem dos recursos”, afirmaram os promotores do Gaeco.
Além da negociação do terreno, o MPBA identificou outras transações suspeitas, incluindo a compra de um veículo em janeiro de 2023, também parcialmente quitado em dinheiro. O oficial da PM não conseguiu justificar a origem dos valores utilizados.
Atuação criminosa e mandados cumpridos
As investigações apontam que o deputado estadual Binho Galinha comanda uma organização criminosa há mais de uma década, envolvida em crimes como agiotagem, receptação qualificada e exploração do jogo do bicho. Já o tenente-coronel teria atuado como facilitador na ocultação do patrimônio ilícito.
Desde o início da Operação El Patrón, as autoridades cumpriram dez mandados de prisão preventiva e 33 mandados de busca e apreensão, além do sequestro de propriedades urbanas e rurais e da suspensão de atividades de seis empresas. No total, 15 pessoas foram denunciadas pelo MPBA como parte das investigações.