Tiroteios deixam mais de 100 mortos em Salvador e RMS no mês de janeiro

Por Redação 11/02/2025, às 22h56 - Atualizado às 23h14

O mês de janeiro de 2025 registrou 141 vítimas da violência armada em Salvador e na Região Metropolitana (RMS), com 111 mortos e 30 feridos, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. Entre os casos mais alarmantes, destacam-se os episódios de bala perdida, que vitimaram ao menos duas pessoas, incluindo uma criança de seis anos.

Na madrugada do dia 1º de janeiro, Lara Lis Santos Rangel, de 6 anos, foi baleada enquanto dormia em sua residência na Travessa Nossa Senhora de Lourdes, no bairro Alto da Terezinha, em Salvador. A criança chegou a ser socorrida e levada ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos, falecendo cinco dias depois.

Outro caso ocorreu com um homem que também foi vítima de bala perdida e não resistiu. Uma terceira pessoa ficou ferida em circunstâncias semelhantes. Para efeito de comparação, no mesmo período do ano passado, três pessoas foram feridas por balas perdidas, o que reforça o cenário de insegurança e risco para moradores da capital e região metropolitana.

A coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado, Tailane Muniz, alertou sobre o impacto da violência armada e a necessidade urgente de políticas de segurança pública mais eficazes.

“Janeiro reflete como a violência armada é implacável ao vitimar pessoas inocentes até em suas casas, a exemplo da menina Lara Lis. Se a política de segurança estabelecida não dá conta de proteger crianças, o que é o mínimo, é urgente estruturar políticas públicas que efetivamente protejam a população”, afirmou.

Os 141 tiroteios registrados em janeiro se concentraram principalmente em Salvador, com 107 confrontos, 79 mortos e 21 feridos. Os municípios da Região Metropolitana também foram fortemente impactados. Em Camaçari, foram registrados 9 tiroteios, com 7 mortos e 2 feridos. Em Dias D’Ávila, houve 7 tiroteios, que resultaram em 7 mortos e 5 feridos, enquanto Lauro de Freitas teve 7 confrontos, com 8 mortos e 2 feridos. Já Candeias somou 5 tiroteios e 4 mortos, e Mata de São João registrou 2 tiroteios e 2 mortos. Em São Sebastião do Passé, houve 2 tiroteios e 1 morto, enquanto Itaparica contabilizou 1 tiroteio, deixando 2 mortos, e Pojuca teve 1 tiroteio com 1 vítima fatal.

Entre os bairros de Salvador mais impactados pela violência armada, Beiru/Tancredo Neves registrou 8 tiroteios e 5 feridos. Em Paripe, ocorreram 6 tiroteios, resultando em 7 mortos e 2 feridos. Já Águas Claras teve 4 tiroteios, com 5 mortos e 1 ferido, enquanto Federação somou 4 tiroteios, deixando 1 morto e 1 ferido. No Lobato, foram 4 tiroteios, com 3 mortos, e em Macaúbas, houve 3 tiroteios, mas sem vítimas. Em Narandiba, ocorreram 3 tiroteios, com 3 mortos.

Perfil das vítimas

Entre as 111 pessoas mortas e 30 feridas em janeiro, 100 das vítimas fatais eram homens, 10 eram mulheres e 1 era uma mulher trans/travesti. Entre os feridos, 23 eram homens, 2 eram mulheres e 5 não tiveram o gênero identificado. No recorte racial, 53 pessoas foram identificadas como negras, sendo 50 mortas e 3 feridas, enquanto 2 pessoas brancas foram mortas. Outras 59 vítimas fatais e 27 feridos não tiveram a raça identificada.

A violência também atingiu vítimas em diferentes faixas etárias. Uma criança e três adolescentes foram mortos. Entre os adultos, 106 foram assassinados e 29 ficaram feridos, além de um idoso morto e outro ferido.

No primeiro mês do ano, os 141 tiroteios representaram uma queda de 17% em relação a janeiro de 2024, quando foram registrados 169 casos. O número de baleados também caiu 8%, passando de 153 vítimas em janeiro de 2024 para 141 em 2025. Entre os casos de maior impacto, 12 pessoas foram mortas em quatro chacinas, e 12 tiroteios ocorreram em meio a disputas entre grupos armados, resultando em 8 mortos e 4 feridos. Além disso, 3 tiroteios ocorreram durante perseguições, deixando 2 mortos e 3 feridos.

Entre as vítimas, 1 agente de segurança foi morto e 2 ficaram feridos. O relatório também identificou o assassinato de 1 entregador/motoboy, além de um motorista por aplicativo ferido. No setor de transportes, um mototaxista foi morto e outro ficou ferido.