Brasil defende fortalecimento institucional do Brics e vê cúpula de julho como marco de “ambição renovada”

Por Redação 05/06/2025, às 01h02 - Atualizado 04/06/2025 às 19h43

Durante a abertura do 11º Fórum Parlamentar do Brics, realizado nesta terça-feira (4) no Congresso Nacional, em Brasília, o governo federal reiterou seu compromisso com o fortalecimento institucional do bloco e manifestou a expectativa de que a próxima Cúpula de Líderes, marcada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro, seja um ponto de virada na atuação do grupo ampliado, que hoje reúne 11 países-membros e nove parceiros.

Em discurso no plenário do Senado, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, destacou que a recente expansão do Brics exige mais coesão e efetividade entre os integrantes. Segundo ele, o enfrentamento de desafios globais — como saúde pública, transição energética, avanços tecnológicos e segurança internacional — requer soluções construídas coletivamente.

“Nenhum país pode enfrentar esses desafios isoladamente. Por isso, o papel dos nossos parlamentos é decisivo. A diversidade cultural, histórica e econômica do Brics é uma riqueza, não um obstáculo”, disse Alckmin diante de representantes de 15 parlamentos nacionais.

A presidência rotativa do Brics está nas mãos do Brasil em 2025, em um momento de expansão do bloco e de reconfiguração da geopolítica internacional, marcada pelo retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e pela retomada do discurso unilateralista por parte de Washington.

Representando o Ministério das Relações Exteriores, a secretária-geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura da Rocha, enfatizou o protagonismo brasileiro à frente do bloco neste ano. Ela lembrou que o país já sediou 160 reuniões oficiais até maio, o que demonstra, segundo ela, o compromisso com uma presidência “substantiva, representativa e propositiva”.

Reformar a ordem global

Entre os principais eixos de atuação do Brics estão a reforma de organismos internacionais, com maior representatividade para países da África, da Ásia e da América Latina, e o fortalecimento do multilateralismo — em contraposição a soluções bilaterais ou unilaterais nas relações internacionais.

O grupo também defende a ampliação do comércio entre nações do chamado Sul Global com o uso de moedas locais, além de acordos voltados ao desenvolvimento econômico compartilhado e sustentável.

Originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics passou por uma significativa ampliação nos últimos dois anos. Em 2024, foram incorporados como membros permanentes o Irã, a Arábia Saudita, o Egito, a Etiópia e os Emirados Árabes Unidos. Já em 2025, foi a vez da Indonésia integrar o núcleo fixo.

O bloco também inaugurou a categoria de países parceiros, com a adesão de Belarus, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.

A expectativa do governo brasileiro é de que a próxima cúpula no Rio de Janeiro consolide o Brics como uma plataforma de articulação política e econômica entre países emergentes, com voz mais ativa na redefinição da ordem global.