
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou nesta quarta-feira (4) a Paris para uma intensa agenda de compromissos diplomáticos, econômicos e simbólicos. Após 13 anos sem uma visita oficial de um chefe de Estado brasileiro à França, Lula retoma o diálogo de alto nível com o presidente Emmanuel Macron, com quem deve firmar ao menos 20 atos bilaterais envolvendo áreas estratégicas como saúde, segurança, educação e tecnologia.
“Vamos discutir temas de alcance global”, afirmou Lula antes do embarque, mencionando questões como o conflito entre Rússia e Ucrânia, a crise humanitária em Gaza, o acordo Mercosul-União Europeia e a cooperação em defesa, incluindo o projeto conjunto do submarino nuclear.
A visita também abre espaço para negociações econômicas. Lula quer apresentar o “bom momento” do Brasil a empresários franceses e brasileiros em busca de novos investimentos. A França, que atualmente é o terceiro maior investidor no país, mantém um estoque superior a US$ 66 bilhões. Já o comércio bilateral alcançou US$ 9,1 bilhões em 2024.
Outro ponto central da visita será a declaração climática conjunta entre Brasil e França, com expectativa de novos compromissos em meio ambiente e sustentabilidade.
A agenda de Lula na França é extensa. Na quinta-feira (5), ele será recebido por Macron no Palácio do Eliseu. No dia seguinte, sexta-feira (6), receberá o título de doutor honoris causa da Universidade Paris 8 e será homenageado na tradicional Academia Francesa — feito inédito para um brasileiro desde Dom Pedro II, em 1872. Ainda na sexta, visitará a exposição do “Ano do Brasil na França”, no Grand Palais, evento que marca a temporada cultural brasileira em mais de 50 cidades francesas até setembro.
No sábado (7), Lula se reunirá novamente com Macron, desta vez em Toulon, na Base Naval Francesa, para tratar do ProSub, programa de desenvolvimento de submarinos. Ele também terá encontro com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo.
Nos dias seguintes, o presidente participa de eventos internacionais voltados à pauta ambiental. No domingo (8), em Mônaco, integra um fórum sobre economia azul, e na segunda (9), em Nice, marca presença na Terceira Conferência da ONU sobre os Oceanos, ao lado de outros 60 chefes de Estado.
Em Lyon, está prevista uma visita à sede da Interpol, atualmente presidida pelo brasileiro Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal.
O retorno ao Brasil também será movimentado. Lula recebe, em Brasília, a Cúpula Brasil-Caribe no dia 13, com a presença de 15 líderes da região. Já de 15 a 17 de junho, o presidente pode participar do encontro do G7, no Canadá — convite ainda em avaliação por conta do acúmulo de agendas.