Lula embarca para Rússia e China em busca de novos acordos comerciais e fortalecimento diplomático

Por Redação 07/05/2025, às 00h04 - Atualizado 06/05/2025 às 20h37

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca na noite desta terça-feira (6), às 22h, da Base Aérea de Brasília, para uma missão internacional com escalas na Rússia e na China. A viagem tem como objetivo central ampliar a presença comercial do Brasil, assinar novos acordos bilaterais e reforçar a atuação diplomática brasileira em temas de interesse global.

Na primeira etapa da agenda, Lula participa, entre os dias 8 e 10 de maio, das celebrações pelos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista, na capital russa, Moscou. A convite do presidente Vladimir Putin, o brasileiro acompanhará o tradicional desfile militar do dia 9 de maio — a mais simbólica data do calendário nacional russo — e terá uma reunião bilateral com o chefe de Estado. Estão previstos acordos nas áreas de ciência e tecnologia.

A comitiva brasileira inclui os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação). De acordo com o embaixador Maurício Lyrio, do Ministério das Relações Exteriores, o Brasil buscará reequilibrar a balança comercial com a Rússia — atualmente deficitária — reforçando exportações do agronegócio, diante das importações brasileiras de diesel e fertilizantes russos.

Cúpula com Xi Jinping e foco em cooperação bilateral

Após a passagem por Moscou, Lula segue para a China, onde cumprirá extensa agenda entre os dias 12 e 13 de maio, em Xangai e Pequim. O ponto alto será a participação na cúpula China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), a convite do presidente chinês, Xi Jinping.

O encontro entre os líderes deve consolidar pelo menos 16 novos atos bilaterais entre os dois países, além de outras 32 propostas em negociação. A visita marca o terceiro encontro entre Lula e Xi desde o início do atual mandato e deve avançar temas ligados a infraestrutura, inovação, neoindustrialização, transição energética e tecnologia.

A diplomacia brasileira enxerga na visita uma oportunidade de aprofundar sinergias com o programa chinês “Cinturão e Rota”, e fortalecer posições comuns sobre multilateralismo, governança global e resolução pacífica de conflitos.

“A lista de acordos é prolífica e variada”, disse o embaixador Lyrio. Segundo ele, a delegação brasileira contará com ministros de diversas pastas e parlamentares, refletindo a “densidade da relação” com a China, que é hoje o maior parceiro comercial do Brasil.

Cenário global e neutralidade brasileira

A viagem acontece em meio a um cenário de tensão crescente entre Estados Unidos e China, marcado por disputas comerciais e imposições tarifárias. O Itamaraty reforçou que o Brasil manterá sua postura de neutralidade e diálogo com todos os parceiros internacionais.

“O Brasil preza a sua relação com os Estados Unidos e não faz da sua relação com a China algo que se contrapõe a isso”, afirmou Lyrio, ao destacar o compromisso brasileiro com a multipolaridade e o respeito ao direito internacional, especialmente em temas como a guerra na Ucrânia.

América Latina em pauta

A presença de Lula na cúpula da Celac reforça o papel do Brasil como articulador regional. A embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, destacou que há um interesse mútuo entre China e América Latina em avançar no diálogo, e que o Brasil tem responsabilidade de “convocar, propor e reunir sinergias”.

A Celac é composta por 33 países da região e voltou a contar com o Brasil em 2023, após três anos de afastamento durante o governo anterior. A expectativa é que os encontros ampliem a integração regional e abram novas frentes de cooperação sul-sul.