Operação Overclean: Mais de 100 codinomes são identificados em planilhas, incluindo deputados da Bahia

Por Redação 15/04/2025, às 12h29 - Atualizado às 12h29

A Polícia Federal (PF) segue avançando nas investigações da Operação Overclean e revela detalhes de um esquema milionário de corrupção que envolve desvio de emendas parlamentares, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. A PF já identificou mais de 100 codinomes relacionados a empresários, políticos e servidores públicos supostamente envolvidos na operação criminosa, que teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão em recursos públicos.

As investigações apontam que deputados federais da Bahia utilizaram um jato executivo vinculado ao empresário Alex Parente. A aeronave, avaliada em R$ 15 milhões, teve seus voos rastreados por uma planilha apreendida pela PF em dezembro. Os parlamentares Antônio Brito (PSD), Elmar Nascimento (União Brasil) e Félix Mendonça Júnior (PDT) aparecem como passageiros. Todos negam envolvimento em irregularidades.

Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) reforçam as suspeitas. Entre 2017 e 2023, os investigados movimentaram somas incompatíveis com sua renda, incluindo transações entre empresas do grupo e autoridades com foro privilegiado. Não há informações sobre quem seria a autoridade com foro. Uma das empresas, a MM Limpeza Urbana, teria transferido R$ 435 mil a uma autoridade do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sem justificativa aparente.

Entre os alvos da operação está o empresário José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, apontado como um dos líderes da organização. O ‘Rei do Lixo’, Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente, donos da Allpha Pavimentações e Serviços de Construções, teriam operado por meio de núcleos distintos para liderar, operar e passar informações privilegiadas.

Documentos e planilhas apreendidos pela PF indicam que a atuação do grupo extrapola o setor privado e alcança diretamente o poder público. Conversas em celulares mostram negociações para ocupar cargos em secretarias municipais, como a de Educação de Belo Horizonte, e favorecimento em licitações na prefeitura de Salvador.

Além disso, um agente da própria PF, identificado como Rogério Magno Almeida Medeiros, é investigado por colaborar com o grupo. Ele teria alertado os envolvidos sobre mandados, orientado sobre destruição de provas e movimentação de bens de luxo, como relógios Rolex, para evitar apreensões judiciais.

As investigações seguem em curso. As defesas dos envolvidos negam qualquer irregularidade e afirmam que os fatos serão esclarecidos no decorrer do processo.