Brasil define prioridades para presidência do Brics em 2025 com foco no Sul Global

Por Redação 14/02/2025, às 04h02 - Atualizado 13/02/2025 às 19h04

O governo brasileiro divulgou, nesta quinta-feira (13), um documento estratégico com as principais diretrizes de sua presidência à frente do Brics em 2025. O material foi disponibilizado em um site oficial recém-lançado, que reúne o calendário de eventos e informações sobre o bloco, que reúne países emergentes com foco no desenvolvimento sustentável.

As prioridades da gestão brasileira estão divididas em duas frentes principais: cooperação do Sul Global e parcerias para o desenvolvimento social. A partir dessas diretrizes, foram estabelecidas seis áreas centrais de atuação:

  • Cooperação em saúde global
  • Comércio e finanças
  • Mudança climática
  • Governança da inteligência artificial
  • Reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança
  • Desenvolvimento institucional

Entre os temas prioritários, destaca-se a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU), uma pauta que o Brasil vem defendendo em fóruns internacionais. A proposta busca fortalecer a representatividade de países emergentes nos organismos multilaterais.

Na área de saúde global, o Brasil pretende impulsionar investimentos na pesquisa e produção de medicamentos e vacinas, reforçando o papel do Brics no enfrentamento de desafios sanitários globais.

No setor de comércio e finanças, a agenda brasileira inclui discussões sobre a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) e mecanismos de financiamento climático, levando em consideração que o país sediará, em novembro de 2025, a 30ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-30), em Belém.

A governança da inteligência artificial também terá espaço no debate, com foco na proteção de dados pessoais e na regulamentação ética do uso da tecnologia para garantir sua aplicação de forma segura, confiável e responsável.

Expansão do Brics

O Brics foi originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas, nos últimos dois anos, passou por uma expansão significativa, incorporando seis novos membros: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Além disso, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão foram admitidos como países parceiros.

A presidência do Brics é rotativa, e a cada ano um país assume a organização da Cúpula de Chefes de Estado. Em 2025, o Brasil sediará o encontro no Rio de Janeiro, acompanhado de um extenso calendário de reuniões que mobilizará diversas áreas do governo e parceiros do bloco.

Desde a primeira cúpula, realizada em 2009 na Rússia, o Brasil já sediou o evento em 2010 e 2019 (Brasília) e 2014 (Fortaleza). Em 2025, o tema central será “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.

Cooperação

No documento apresentado pelo governo brasileiro, o Brics é descrito como um espaço de construção coletiva, voltado para a formulação de soluções diante dos desafios geopolíticos e socioeconômicos globais.

O texto expressa preocupação com o aumento das tensões internacionais, a fragilidade da ordem multilateral e o avanço de posturas unilaterais e extremistas ao redor do mundo.

“O recurso insensato ao unilateralismo e a ascensão do extremismo em várias partes do mundo ameaçam a estabilidade global e aprofundam as desigualdades que penalizam as populações mais vulneráveis em diferentes partes do planeta”, destaca o documento.