Cinco anos após o início da pandemia de Covid-19 na Bahia. O que mudou?

Por Redação 06/03/2025, às 21h31 - Atualizado 07/03/2025 às 11h54

Gabriela Encinas

Nesta quinta-feira (6), completa cinco anos desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19 na Bahia. Em 2020, uma mulher de 34 anos, residente em Feira de Santana, testou positivo após retornar de uma viagem para a Itália. Desde então, o estado enfrentou momentos críticos, superou desafios e aprendeu lições valiosas para o enfrentamento de pandemias.

No ano de 2020, a doença ceifou a vida de 1,8 milhão de pessoas ao redor do mundo. O Brasil foi um dos países mais atingidos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (342.450 mortes), e registrando 194.976 óbitos. Outros países que lideraram as estatísticas foram Índia (148.738 mortes) e México (124.897 mortes).

No mesmo período, o Brasil registrou 7.675.781 casos confirmados de Covid-19, um número que reforça a rápida disseminação do vírus. Desde o primeiro caso oficial no país, em 26 de fevereiro de 2020, os dados do Ministério da Saúde apontam que a pandemia resultou em um total de 39 milhões de casos e 715 mil mortes em território nacional.

Na Bahia, a situação também foi alarmante. O estado acumula mais de 1,8 milhão de casos confirmados e 32 mil mortes, segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Em 2025, foram confirmados 2958 casos e 18 mortes. Os números refletem como o avanço da vacinação reduziu consideravelmente o número de mortes.

A fisioterapeuta e pesquisadora Iura Gonzalez, que coordenou o serviço de fisioterapia do Hospital de Campanha da Arena Fonte Nova, compartilhou sua experiência na linha de frente. “Foram meses intensos que foram marcados por incertezas, aprendizados, muita dedicação. O nosso trabalho no contexto de assistência para esses pacientes foi essencial para a reabilitação dos infectados que enfrentavam dificuldades respiratórias, de leve a graves”.

Iura destacou a importância da equipe multidisciplinar do Hospital de Campanha: “A equipe era uma equipe multidisciplinar, que visava garantir um cuidado humanizado em um ambiente muito desafiador, porque o isolamento era imposto naquela época”, relatou.

Tensão

“Então, estar na linha de frente significou não só enfrentar a exaustão física e emocional, mas também uma responsabilidade de atuar com base na ciência, adaptar protocolos para um cenário que exigia respostas rápidas e a gente foi entendendo que, apesar das dificuldades e das incertezas, nós podíamos sim contribuir muito para assistência desses pacientes”, relembrou a pesquisadora.

A especialista também relembrou a emoção das altas médicas. “Os pacientes tinham a chance de assinar uma parede em agradecimento à equipe. Foram momentos marcantes ver a recuperação de tantas pessoas”. No entanto, ela ressaltou os desafios emocionais. “O isolamento afetava os pacientes e a equipe. Presenciamos muitas chamadas de vídeo repletas de choro e saudade”.

O impacto da Covid-19 segue presente. Iura alerta que a aglomeração do Carnaval pode elevar o número de casos. “Os serviços de saúde já esperam aumento não só de Covid, mas de outras doenças respiratórias. A vacinação continua sendo a melhor estratégia para reduzir casos graves”, disse.

O isolamento

Claudia Barcelos, de 58 anos, que teve Covid-19 em 2021, relatou sua história: “Tive muitos sintomas. Depois que o teste swab deu negativo fui no hospital, fiz o exame de sangue que esse sim deu positivo, mas decidiram fazer exame de raio-X. Esse mostrou uma grave lesão no pulmão. Eu voltei para casa. Essa foi a recomendação médica, e já fui direto para o meu quarto.

Ela relatou os momentos de tensão vividos no isolamento. “Fiquei um mês isolada no quarto, porque meus pais são idosos e eu fiquei com medo de transmitir. E entrei com a medicação também. Senti que depois disso, fiquei com as sequelas, o paladar não voltou a ser o mesmo, as articulações doem e a memória que ficou péssima desde então”, afirmou.

Cinco anos após a confirmação do primeiro caso, os desafios persistem, mas as lições são claras: a prevenção, a ciência e a vacina são as maiores aliadas na luta contra vírus e pandemias.