Países da América Latina e do Caribe enfrentam alta exposição a insegurança alimentar

Por Redação 28/01/2025, às 00h14 - Atualizado 27/01/2025 às 21h17

Ao menos 20 países da América Latina e Caribe, o equivalente a 73% da região, estão “altamente expostos” a eventos climáticos extremos, e mais da metade (52%) têm alta probabilidade de enfrentar subalimentação devido a esses eventos. Os dados fazem parte do Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutrição 2024, divulgado nesta segunda-feira (27) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e outras agências da ONU.

O relatório destaca que, embora a insegurança alimentar tenha diminuído significativamente em 2023, a fome ainda afeta uma parte considerável da população, especialmente no Caribe, onde o índice de pessoas subalimentadas chegou a 17,2%. Na América Central, o índice permaneceu em 5,8%.

Em 2023, o número de pessoas com insegurança alimentar na região caiu de 207,3 milhões em 2022 para 187,6 milhões, uma redução de 19,7 milhões. Em relação a 2021, a diminuição foi de 37,3 milhões, resultado atribuído a melhorias econômicas em alguns países da América do Sul, políticas públicas voltadas ao acesso a alimentos de qualidade e reduções nos índices de pobreza e desigualdade.

Apesar dos avanços, o custo dos alimentos saudáveis ainda é um grande obstáculo, segundo Mario Lubetkin, subdiretor-geral e representante regional da FAO. Ele destacou que grupos como mulheres e moradores de zonas rurais são os mais vulneráveis às consequências dos eventos climáticos extremos.

Lubetkin também apontou que a região, embora seja uma das maiores produtoras de alimentos do mundo, enfrenta desafios paradoxais: o aumento da obesidade infantil e o número de crianças com peso abaixo do ideal.

Outra preocupação levantada pelo relatório é o consumo elevado de alimentos ultraprocessados, que, apesar de mais baratos e acessíveis, são pouco nutritivos e contribuem para o aumento de doenças. Uma das soluções propostas pela FAO é a elevação da taxação sobre esses produtos, medida que visa desestimular o consumo e promover escolhas alimentares mais saudáveis.

Lubetkin enfatizou que a luta contra a fome está diretamente ligada à construção de sistemas agroalimentares mais resilientes, capazes de suportar os impactos dos eventos climáticos extremos. Embora os avanços em 2023 sejam motivo de comemoração, o relatório alerta para a necessidade de políticas contínuas e abrangentes para reduzir as desigualdades e melhorar a segurança alimentar na região.