Urgente! Carlos Lupi deixa Ministério da Previdência após escândalo de fraudes no INSS

Por Redação 02/05/2025, às 17h54 - Atualizado às 17h55

A crise no comando da Previdência Social levou à saída do ministro Carlos Lupi (PDT) nesta sexta-feira (2), após mais de dois anos no cargo. A decisão foi comunicada pelo próprio Lupi em publicação nas redes sociais, em meio ao desgaste político causado pela revelação de um esquema de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Lupi, que também preside o PDT, estava no governo desde o início da atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas vinha sendo pressionado por aliados e pelo próprio partido para deixar a pasta. A situação se agravou com a demissão, na semana passada, do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por ele.

Escândalo de fraudes e omissões

As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelaram que associações de aposentados realizaram descontos ilegais em benefícios previdenciários, cadastrando segurados sem consentimento e utilizando assinaturas falsas. O esquema teria causado um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

Embora a estrutura fraudulenta tenha se iniciado ainda no governo de Jair Bolsonaro, parte das práticas continuaram durante o atual mandato de Lula. Durante a operação, a PF apreendeu dinheiro em espécie, joias, relógios de luxo, carros importados e uma Ferrari.

O principal operador apontado pela PF é Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, lobista e sócio de 22 empresas registradas em um mesmo endereço em Taguatinga (DF).

Pressão e tentativa de contenção

Lupi tentou se manter no cargo defendendo a responsabilização dos envolvidos e chegou a criticar publicamente o esquema, mas documentos obtidos pela imprensa mostraram que ele foi alertado ainda em 2023 sobre os descontos não autorizados e demorou quase um ano para agir. A tentativa de preservar Stefanutto e de se desvincular da omissão acabou enfraquecendo ainda mais sua posição no governo.

O presidente Lula, em pronunciamento no Dia do Trabalhador, se comprometeu a buscar ressarcimento aos lesados e determinou à Advocacia-Geral da União (AGU) que processe as associações envolvidas nas cobranças ilegais.

Nova direção e impacto político

Com a saída de Stefanutto, o governo já havia nomeado o procurador federal Gilberto Waller Júnior para comandar o INSS. A permanência de Lupi, no entanto, se tornou politicamente insustentável, inclusive diante do risco de fragilização da base aliada no Congresso, da qual o PDT faz parte.

A saída de Lupi marca mais um revés em um ministério que já enfrentava críticas, principalmente pelo não cumprimento da promessa de acabar com as filas das perícias do INSS. Sua gestão à frente do Conselho Nacional da Previdência Social, que reúne representantes do governo, sindicatos e entidades patronais, também vinha sendo alvo de avaliações negativas dentro do próprio Executivo.